sábado, 24 de agosto de 2013

"NOS CONFORMES"‏

"MINAS DE MIM" E UM PEDACINHO DA NATUREZA NO CORAÇÃO DE SAMPA-6



Impossível deixar de falar desta grande escritora, poeta e professora de literatura. Além de outros predicados ela é amante das artes, artesanatos e prendada como toda mineira.
JUSSARA NEVES REZENDE canta a sua terra e está atenta a tudo que passa por aí afora. Presenteou-me com o seu magnífico livro de poemas "MINAS DE MIM".
Já me encantei desde o primeiro poema:



ESPELHO

Sem batom
Sem blush sem enfeite

- desnuda diante de mim minha própria imagem

frágil
solitária patética

- do espelho ela sorri

meio mulher meio menina
humana
cheia de incertezas
de riscos a correr

- desliza pelos lábios um vermelho vivo

forte
arma-se de seda e perfume

- e eu conheço todos os seus segredos

Jussara Rezende

No seu blogue que leva o mesmo nome Minas de Mim ela surprendeu-me com outro presente falando dos meus haicais.
Eclética e culta faz resenhas como ninguém. Delicada, e sensível, Jussara encanta em cada postagem. 
Em CONSELHOS A UM POETA  ela disse:   ...o verso deve ter a linguagem, trabalhada, inusitada destacada do comum, nasce do fôlego do poeta, do que cabe dizer entre cada respirar......
Admiradora de CECILIA MEIRELES Jussara interpreta o poema "LEVEZA"
Em O POETA FINGIDOR, explica as facetas de FERNANDO PESSOA
Em POEMA E POESIA e CONCEITO DE POESIA expõe aulas com muita mestria. Suas postagens são diversificadas e vale a pena conferir.

(Guimarães Rosa e o Vocabulário mineiro)






Eis outro poema do livro:
RELEVO DE MIN(as)

Te ensino o relevo
e as histórias de Min(as)
Porque é em Min(as)
que eu te (a)guardo.
Te dou o mapa da mina
E o segredo do Horizonte.
Te dou meu ouro
meu verso
meu fôlego:
faço de ti meu causo
principal

Jussara Rezende


Jussara com a sua generosidade e meiguice peculiar dos mineiros escreveu sobre a origem do Parque Ibirapuera (um dos recantos preferidos das minhas caminhadas)










Eis o TEXTO:


A frequência com que o tupi-guarani, língua dos primeiros habitantes de nossa terra, aparece a denominar lugares e coisas (Anhanguera, Tietê, Ipiranga, etc.) é reveladora da importância que teve há tempos, quando cidades como São Paulo eram apenas vilarejos fundados pelos jesuítas.
Não foi diferente com a escolha do nome do mais importante parque urbano de São Paulo. A palavra Ibirapuera vem de “ypy-ra-ouêra”: ‘ibirá’ = árvore e ‘puera’= o que já foi, significando árvore podre, ou morta. Com razão. Na época da colonização o local era uma aldeia indígena com solo de várzea, muito alagadiço. Foi com o objetivo de drenar esse terreno e eliminar o excesso de umidade do local que na década de 1920 iniciou-se o plantio de centenas de eucaliptos nessa área, o que acabou se tornando o início do Parque atual.
Inaugurado em 1954, em comemoração ao quarto centenário da cidade, o Parque do Ibirapuera teve projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer e constituição paisagística de Burle Marx. Hoje é um ponto de atrações artísticas e culturais, tais como a Bienal de Artes, a Feira das Nações, a São Paulo Fashion Week e outras importantes exposições de arte.
 Jussara Rezende

Obrigada Jussara pelo compartilhamento



Sonata for flute in a minor,BWV 1013 Jadwiga Kotnowska- Bach Masterpieces



Ofereço a vocês
mais esta maravilha que capturei no parque : "Fluvicola nengeta" , Lavadeira mascarada ou noivinha (masked water-tyrant)
Lindos dias para todos.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

HAIBUNS E UM PEDACINHO DA NATUREZA DE SAMPA-5









Haibun














Um tom grave na voz da mãe. Diz de um tal Saci Pererê. Moleque pretinho de uma perna só, chapéu vermelho e cachimbinho na boca.
Quero ver o danadinho, a mana tem medo. Esperei uma ventania que levantasse rodopio.
Havia um Saci girando nela! Meti-me no meio! Cisco nos olhos, cabelo emaranhado e arrepios,
tudo o que ganhei.





assovio do vento
que vem veloz lá do sul- 
orelhas geladas



Jose Marins




Poeta-haicaísta

Haibun
Da ponta de um galho o bem-te-vi olha atento o que se passa no parque: corredores, ciclistas , crianças em férias, etc.
De soslaio ele observa as pipocas que acabaram de jogar no chão. Segundos depois, num voo ágil e rasteiro pega uma delas e retorna à árvore.
Um desjejum maior que o bico que ele tenta engolir com muito esforço.


Refletida no lago

sobre uma pequena pedra

a ave regorgita

Elisa Campos




                            
                       Prelude & Fugue n.5 in D Major Christiane Jaccottet - Bach Masterpieces






Caro mestre Jose Marins: Sei que esta postagem não está correta, mas não me contive. Ilustrei-a . Mas logo eu chego lá.   
Grata pela  sua costumeira orientação e por ter me enviado o seu maravilhoso haibun.

Lindos dias para todos