O ar. A folha. A fuga.
No lago, um círculo vago
No rosto, uma ruga.
Guilherme de Almeida
É manhã outra vez.
Vejo o céu azul e o sol despontando firme. A brisa que toca
a pele me impele a caminhar na trilha do parque. Uma luz
cintila, desliza e só está de passagem: gota de orvalho que
cai da folhagem. Ao fotografar uma figueira uma teia de
aranha gruda nos meus cabelos. Desvencilho-me
do terrível emaranho e logo defronto com uma nova cena: um
pássaro acaba de pousar na ponta de um galho.
Gritam os gansos, grassitam os patos e biguás grasnam ao redor do lago.
Tudo brilha e vibra numa grande sinfonia.
A garça pousa leve
Nova flor desabrocha
O abacateiro frutifica
Biguás contemplam o lago
O breve pouso do sabiá
A "noivinha" constroi o ninho
O Bem-te-vi descansa
e tudo gira num compasso de dança
Embora não tenha me aprofundado nesta modalidade poética arrisquei alguns haicais.
Sem deixar de ser conciso como o haicai tradicional, o haicai guilhermino tem pequena semelhança com trova.
Constroi-se da seguinte forma: rimas nos finais do primeiro e terceiro verso e uma rima encadeada no segundo verso.
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e outros sites
frágeis ao vento fluem ágeis
Um bom final de semana a todos